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quarta-feira, setembro 05, 2007

ÍNDICE

COMENTÁRIOS BÍBLICOS de CALVINO

- Carta aos Romanos


- Livro dos Salmos

- Livro de João ( J. C. Ryle )

  • João Cap 1.1-5

quarta-feira, setembro 20, 2006

No Princípio era o Verbo...

Leia João 1.1-5

Cristo, o Eterno, Distinto da Pessoa do Pai, o próprio Deus, o Criador de Todas as Coisas, a Fonte, o Criador de Todas as Coisas, a Fonte de Toda Luz e Vida.


O Evangelho de João, que começa com esses versículos, em muitos aspectos difere dos outros três evangelhos. Contém muitos fatos que os outros omitem,e omite muitos que os outras contêm. Facilmente poderíamos apresentar boas razões pra existirem estas diferenças, mas é suficiente lembrar que Mateus, Marcos, Lucas e João escreveram sob a inspiração direta de Deus. No plano geral e nos detalhes particulares de seus respectivos evangelhos (tudo quanto registraram ou deixaram de registrar), todos os quatro foram igual e completamente guiados pelo Espírito Santo.

Quanto aos fatos que o apóstolo João foi especialmente inspirado a relatar, basta fazer uma observação: os assuntos que são peculiares a esse evangelho estão entre as possessões mais preciosas da igreja de Cristo.

Nenhum dos outros evangelistas faz declarações tão completas como as que vemos nesse evangelho , sobre a divindade de Cristo, a justificação pela fé, os ofícios de Cristo, a operação do Espírito Santo e os privilégios dos que crêem, Sem dúvida, Mateus, Marcos e Lucas não silenciaram sobre estes grandes ensinamentos. Mas, no Evangelho de João, eles se destacam de forma tão proeminente, que podem ser percebidos mesmo por aqueles que lêm-no com rapidez.

Os cincos primeiros versículos contêm uma declaração de incomparável sublimidade a respeito da natureza divina do nosso Senhor Jesus Cristo. Acima de qualquer dúvida, quando João menciona “o Verbo” está se referindo a Cristo. Com toda certeza, há grande profundidade nesta declaração, cuja compreensão está muito além do entendimento do homem. Ainda assim, há claros ensinamentos na passagem, os quais todo crente deveria guardar como tesouro no coração.

Primeiro, aprendemos que o Senhor Jesus Cristo é ETERNO. João diz que “no princípio era o Verbo”. Ele não começou a existir quando os céus e a terra foram formados e, muito menos, quando o evangelho foi trazido ao mundo. Ele tinha a glória com o Pai “antes que houvesse mundo” (Jo 17.5). Existia quando a matéria foi criada e antes que começassem os tempos. “Ele é antes de todas as coisas” (Cl 1.17); existe desde toda a eternidade.

SEGUNDO, aprendemos que o nosso Senhor Jesus Cristo é uma DISTINTA DE DEUS, O PAI, e, ainda assim, é um com Ele. João diz que “o Verbo estava com Deus”. O Pai e o Verbo, embora sejam duas pessoas, são ligados por uma união inefável. Desde a eternidade, onde quer que Deus Pai estivesse, ali também estava o Verbo, o Deus Filho – iguais em glória, co-eternos em majestade, mas uma só Divindade. Este é um grande mistério. Feliz aquele que o recebe com a atitude de uma criança, sem tentar explica-lo!!

TERCEIRO, aprendemos que o Senhor Jesus Cristo é o PRÓPRIO DEUS, João diz que “o Verbo era Deus”. Ele não é meramente um anjo criado ou um ser inferior a Deus, o Pai, investido de poder, da parte do Pai, para redimir os pecadores, Não é menos que o Deus perfeito; é igual ao Pai, no que concerne à sua divindade; Ele é Deus, possuindo a mesma natureza que o Pai e existindo antes da fundação do mundo.

QUARTO, aprendemos que o Senhor Jesus é o CRIADOR DE TODAS AS COIAS. João diz que “todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez”. Longe de ser uma criatura de Deus, como alguns hereges têm falsamente afirmado, Ele é o Ser que fez o universo e tudo o que nele há. “Mandou Ele, e foram criados” (Sl 148.5).

Por último, aprendemos que o Senhor Jesus Cristo é a FONTE DE TODA LUZ E VIDA ESPIRITUAL. João diz que “a vida estava nele, e a vida era a luz dos homens”. Ele é a fonte eterna, e somente dela os filhos dos homens têm recebido vida. Era, provenientes de Cristo toda luz e vida espiritual que Adão e Eva possuíam antes da Queda. Era inteiramente procedente de Cristo toda e qualquer libertação de pecado e morte espiritual, experimentada por qualquer filho de Adão, desde a Queda; também, qualquer iluminação de consciência ou entendimento obtida desde então. Em todos os tempos, a maior parte da humanidade tem-se recusado a conhece-lo, esquecendo-se da Queda e da necessidade de um Salvador pessoal. A luz tem constantemente resplandecido “nas trevas”,e a maioria dos homens não tem compreendido. Mas, se qualquer dos incontáveis seres humanos, homens e mulheres, já receberam luz e vida espiritual, devem tudo isso a Cristo.

Este é um breve sumário das lições principais que parecem estar contidas nessa maravilhosa passagem. Todos temos de concordar que nesse versículos há muitas coisas que estão acima de nossa compreensão, mas nenhuma delas sem sentido.

No texto há muitas coisas que não podemos explicar, mas em que devemos crer e nos alegrar, com humildade de coração. Contudo, não esqueçamos que do texto emana aplicações claras e práticas, que nunca poderão se esgotar nem serem conhecidas demais.

Se desejamos conhecer o quanto o pecado é excessivamente abominável, devemos ler com freqüência esses cinco versículos do Evangelho de João. Notemos o tipo de pessoa que o Redentor da humanidade precisou ser, a fim de providenciar redenção eterna aos pecadores. Se, para tirar o pecado do mundo, foi preciso de ninguém menos que o próprio Deus eterno, é porque aos olhos de Deus o pecado é muito mais abominável que a maioria dos homens pode supor. A medida exata da malignidade do pecado é reconhecida quando consideramos a dignidade dAquele que veio ao mundo para salvar os pecadores. Se Cristo é tão excelso, então o pecado é realmente abominável.

Se desejamos conhecer o fundamento da esperança do verdadeiro crente, devemos ler com freqüência os cinco primeiros versos do Evangelho de João. Notemos que o Salvador, no qual o crente é convidado a confiar, é nada menos que o Deis eterno, capaz de salvar cabalmente a todos os que, por seu intermédio, vêm ao Pai. Ele, que “estava com Deus” e “era Deus”, é também “Emanuel”, Deus conosco. Demos graças a Deus por nossa esperança estar firmada nAquele que é poderoso (Sl 89.19). Em nós mesmos somos grandes pecadores, mas em Jesus Cristo temos um grande Salvador. Ele é a sólida pedra fundamental, capaz de suportar o peso do pecado do mundo. Aquele que nEle crê não será de modo algum envergonhado (1Pe 2.6).

J. C. Ryle

sexta-feira, setembro 15, 2006

Declarado Filho de Deus - Calvino

“Declarado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos; sim, Jesus Cristo, nosso Senhor, por meio de quem recebemos graça e apostolado, para a obediência da fé entre todas as nações, por amor do seu nome...” Rm 1.4-6)

DECLARADO FILHO DE DEUS. Ou determinado ( definitus). Paulo está dizendo que o pode da ressurreição representava o decreto pelo qual, como se acha no Salmo 2.7, Cristo foi DECLARADO Filho de Deus: “Neste dia eu te gerei” – GERAR, aqui, tem referência àquilo que foi feito conhecido. Certos intérpretes encontram nesta passagem três provas distintas da divindade de Cristo.

A PRIMEIRA é o PODER (pelo qual compreendem os milagres).
A SEGUNDA é o TESTEMUNHO do Espírito; e a
TERCEIRA é a RESSURREIÇÃO dentre os mortos.

Prefiro, contudo, juntar estas três provas e sumariá-las assim: Cristo foi declarado Filho de Deus pelo exercício público de um verdadeiramente celestial, ou seja, o poder do Espírito Santo, quando ele ressuscitou dos mortos. Este poder é possuído quando é selado pelo mesmo Espírito em nossos corações.

A linguagem do apóstolo apóia esta interpretação. Ele afirma que Cristo foi declarado com poder, porque foi visto nele o poder que com propriedade pertence a Deus, e o qual comprovava além de qualquer dúvida que Cristo era Deus. Isto na verdade se fez ainda mais evidente em sua ressurreição, assim como Paulo alhures, após declarar que a fraqueza da carne se fez manifesta na morte de Cristo, exalta o pode do Espírito em sua ressurreição (2Co 13.4).

Esta glória, contudo, não se nos fez notória até que o mesmo Espírito a imprimisse em nossos corações. O fato de Paulo também incluir a evidência que os crentes individualmente experimentam em seus próprios corações com o espantoso poder do Espírito, o qual Cristo manifestou ao ressuscitar dos mortos, é claro de sua expressa menção da santificação. É como se dissesse que o Espírito, ao mesmo tempo que santifica, também confirma e ratifica essa prova de seu poder que uma vez demonstrou.

As Escrituras com freqüência atribuem títulos ao Espírito de Deus, os quais servem para elucidar nossa presente discussão. Daí o Espírito ser chamado por nosso Senhor de o ESPÍRITO DA VERDADE (Jo 14. 17), em razão de seu efeito como
descrito nesta passagem. Além do mais, diz-se que o poder divino foi exibido na ressurreição de Cristo, visto que ele ressuscitara por seu próprio poder, como ele mesmo testificou: “Destruí este templo, e em três dias o reconstruirei’ (Jo 2.19); “ninguém a toma (minha vida) de mim” (Jo 10.18). Cristo triunfou sobre a morte, à qual se entregou em razão da debilidade de sua carne, triunfou este não em virtude de algum auxílio externo, mas pela operação celestial de seu próprio Espírito.

POR MEIO DE QUEM RECEBEMOS GRAÇA E APOSTOLADO – Uma vez completada sua definição de evangelho, o qual ele introduziu com o fim de encomiar seu ofício, Paulo agora volta a defender sua própria vocação, pois se lhe constituía numa questão de suprema importância com vista a que este ofício granjeasse a aprovação dos (cristãos ) de Roma.

Ao fazer distinção entre GRAÇA e APOSTOLADO, Paulo está empregando uma figura de linguagem – HYPALLAGE – para significar, ou o apostolado graciosamente concedido, ou a graça do apostolado. Ao falar assim, ele deixa implícito que sua designação para tão sublime ofício era totalmente obra do divino favor, e não de seus próprios méritos. Ainda que aos olhos do mundo seu ofício não agasalhasse nada senão perigo, fadiga, ódio e desgraça, todavia, aos olhos de Deus e de seus santos, ele não possui virtude comum nem ordinária, e deve, portanto, ser atribuído a graça. A tradução RECEBI GRAÇA PARA SER APÓSTOLO seria preferível, e desfruta do mesmo significado.

A expressão, POR AMOR DE SEU NOME, é explicada por Ambrósio como significando que o apóstolo foi designado no lugar de Cristo para pregar o evangelho, como ele mesmo diz em 2 Coríntios 5.20: “Somos embaixadores em nome de Cristo”. A melhor interpretação, entretanto, tudo indica ser aquela que toma NOME no sentido do CONHECIMENTO, pois o evangelho é pregado a fim de vermos a crer no nome do Filho de Deus (1Jo 3.23). Ao próprio Paulo é dito que seria ele um vaso escolhido para levar o nome de Cristo aos gentios (At 9.15). POR AMOR DE SEU NOME, portanto, contém o mesmo sentido de QUE EU POSSA FAZER CONHECIDO O CARÁTER DE CRISTO.

PARA OBEDIÊNCIA – Ou seja, temos recebido o mandamento de levar o evangelho a todos os gentios para que obedeçam pela fé. Ao afirmar o propósito de sua vocação, Paulo outra vez lembra os romanos de seu ofício, como se quisesse dizer: “É meu dever desincumbir-me da responsabilidade a mim confiada, que é a de pregar a Palavra. A vossa responsabilidade é ouvir a Palavra e obedecer-lhe cabalmente, a não ser que queiras invalidar a vocação com a qual o Senhor me revestiu”.

Deduzimos disto que os que irreverente e desdenhosamente rejeitam a pregação do evangelho, cujo propósito é conduzir-nos à obediência a Deus, estão obstinadamente resistindo ao poder de Deus e pervertendo sua ordem como um todo. É preciso que observemos também, aqui, a natureza da fé. Ela é referida como OBEDIÊNCIA, visto que o Senhor nos chama através do evangelho, e respondemos pela fé. Àquele que nos chama. Portanto, em contrapartida, a incredulidade é a fonte de toda a nossa internacional desobediência a Deus. Prefiro a tradução à OBEDIÊNCIA DA FÉ, em vez de PARA OBEDIÊNCIA, visto que , exceto metaforicamente, a última não é estritamente correta, embora seja usada uma vez em Atos 6.7. FÉ é propriamente aquele elemento por meio do qual obedecemos ao evangelho.

ENTRE TODAS AS NAÇÕES. Para Paulo, haver sido designado apóstolo não era suficiente, a menos que seu ministério fosse referendado por meio da ação de fazer discípulos. Ele, pois, acrescenta que seu apostolado se estende a todos os gentios. Mais adiante refere-se a si mais distintamente como o apóstolo para os romanos, quando diz que eles também figuram no número das nações às quais ele foi designado ministro.

Os apóstolos também participam do comum mandamento de pregar o evangelho ao mundo inteiro. Não foram nomeados para certas igrejas como pastores ou bispos. Paulo, em adição à sua responsabilidade geral para a função apostólica, foi nomeado com especial autoridade como ministro para pregar o evangelho entre as nações. Não há contradição alguma diante da declaração de que lhe foi proibido passar por Bitínia e pregar a Palavra em Mísia (At 16.6-8). O propósito de tal proibição não consistia em que sua obra devesse ser limitada a certa área, mas porque era preciso que ele fosse a outro lugar ao mesmo tempo, visto que a colheita ali não estava ainda plenamente madura.

CHAMADOS PARA SERDES DE JESUS CRISTO – Paulo oferece uma razão mais estritamente relacionada com a Igreja de Roma, visto que o Senhor já lhes havia dado um sinal por meio do qual ele declarava que os estava chamando à participação do evangelho. Seguia-se deste fato que, se porventura queriam ter sua própria vocação bem estabelecida, então que não rejeitassem o ministério de Paulo, porquanto ele fora escolhido pela mesma eleição do Senhor. Eu, portanto, tomo esta cláusula – CHAMADO PARA SERDES DE JESUS CRISTO – como uma frase explicativa, como se a partícula A SABER fosse inserida. O apóstolo pretende dizer que eles eram participantes de Cristo através de Sua vocação. Os que são destinados a tornarem-se herdeiros da vida eterna são não só escolhidos por seu Pai celestial a tornarem-se seus filhos, mas uma vez escolhidos, são igualmente confiados ao seu cuidado, e ele é dignificado como seu Pastor.